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quarta-feira, outubro 19, 2011

Terceira História de Alexandre Goulart

ITA Lassale

Na procura por carros esportivos fora de série, me deparei com uma mosca branca! Ainda não é a de olhos azuis ou verdes, mas raro também.
Trata-se do Lassale, um belo esportivo conversível fabricado pela ITA no interior de São Paulo! Nem tinha ouvido falar do carro, e olha que eu conheço bem este mercado.
Bom, eu e minha mulher, na procura por um Puma, nos deparamos com um vendedor que acabou nos oferecendo um carro diferente! Entramos em contacto com o dono e começamos a negociar o tal carro. O Lassale é um conversível em fibra de vidro equipado com o tradicional seis cilindros da Chevrolet e com uma caixa de transmissão automática. Seu design lembra a frente de uma Mercedes, e a parte traseira com o local do pneu estepe saliente na tampa do porta malas, lembrando um carro americano da década de sessenta ou mesmo um Cadillac.
Todo carro antigo tem sua história, vamos a essa! Mas o que realmente me impressionou foi o dono do carro - uma figura ímpar, que ficamos conhecendo quando fomos ao interior de São Paulo fechar o negócio, e matar nossa curiosidade sobre o carro.
O dono do Lassale estava nos esperando, pessoa simpática com algumas marcas de uma vida de trabalho no rosto. A vida nos leva alguns anos quando temos que superar grandes barreiras!
O que era apenas um negócio de compra e venda acabou se transformando em uma tarde e início de noite em um bom papo, começando com a história, no plano Collor, de como alguém que tinha acabado de adquirir um sítio dos sonhos na bela ilha se tornou, do dia para a noite, em uma pessoa sem casa para morar. O dono do carro nos contou a sua história – triste história! Ele tinha acabado de vender a sua casa e recebido o dinheiro para realizar o seu sonho, e na semana seguinte iria pagar o sítio. Foi bloqueado o dinheiro…
Bom, o que ele fez? Tinha que achar uma maneira de recuperar o que tinha juntado com tanto trabalho! Conseguiu saber que existia um caminhão bloqueado por um banco, mas que o dono estava disposto a negociar. Foi feito o negócio e agora ele tinha um belo caminhão e uma bela dívida no banco. Tudo para tentar se reestabelecer na vida, e sustentar sua esposa e filhos! Antes do caminhão, já tinha tentado um restaurante, mas sem sucesso!
O pequeno problema é que ele nunca, nunca mesmo tinha guiado um caminhão, ainda mais um com cavalo e carreta! Imagine uma pessoa sentada ao volante de uma carreta sem saber por onde começar e já com uma carga de São Paulo para Belém do Para, incrível. E com hora para chegar!
Para começo, ele assumiu um tempo de entrega de mercadoria que os outros motoristas não cumpriam nem com um auxiliar ao lado. Ele iria só nessa jornada.
Logo de início não conseguiu manobrar no pátio da transportadora, mas uma boa alma o ajudou e colocou a carreta já carregada no meio da rua. O seguinte passo foi passar em casa e se despedir da mulher e dos filhos, foi em uma marcha só e estacionou ao lado da guia, ou do meio fio. Depois das despedidas ligou a carreta e pronto - quem disse que ele conseguia desencostar a carreta do meio fio, para frente tinha um poste, para traz o reboque saía de linha, mais de duas horas para conseguir sair da beirada da calçada.

Imagine a situação…

Bom, partiu e conseguiu pegar a estrada, mas tinha um problema, ao fazer as curvas ele quase parava a carreta, estava indo muito na contramão para conseguir virar, e isso ele estava fazendo com cuidado evitando ir de encontro a algum veículo na outra mão.
Parou para abastecer e comer algo. E veio a pergunta - como agora sair do posto de abastecimento com aquele monstro!!! Bingo…bingo! Ao olhar para o lado, viu abismado uma outra carreta manobrando e que a carreta “quebrava” entre o cavalo e o reboque, sim, ele vinha dirigindo a carreta como se fosse um carro, durinho, durinho!

A partir daí, as curvas ficaram mais suaves e bem mais fáceis.

Acredite que ele chegou cinco horas antes da hora acordada em Belém do Para, parou a carreta, entregou os papéis, voltou ao volante, e simplesmente dormiu um sono tão profundo que nem viu o pessoal o retirar do volante, descarregar o reboque, separar o cavalo do reboque, estacionar o cavalo. A partir desta viagem, passou a ganhar todos os fretes que apareciam na região.
Lógico que com essa força e disposição, pagou ao banco o belo caminhão, comprou um novo apartamento e lotes, e adquiriu o Lassale, que espero que fique com a mesma disposição do antigo dono.
E o Lassale? Bem, um belo carro, cuja história de vida e de fé do seu dono muito nos comoveu! Aliás, vale dizer que ele também foi usado em várias festas e cerimonias de casamento! Pode-se dizer que é um belo carro, e carregado de muitas alegrias! E que venha repleto delas em nossa vida!


Valeu Amigo vamos para a quarta História!!!
Encontramos em Tiradentes !!!

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